HISTÓRIA

Introdução

O Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB) é assim chamado por ser o Brasil, na ocasião de sua fundação, dividido apenas em duas regiões, Norte e Sul. Ele foi criado e continua atuando na cidade do Recife, Pernambuco, portanto, no Nordeste. Foi o primeiro seminário batista da América Latina, sendo também pioneiro entre os evangélicos em diversas áreas do saber teológico.

1. Fundação e dificuldades

O STBNB nasceu como resultado da visão do judeu-russo Salomão Luís Ginsburg, missionário vinculado à Junta de Richmond, nos Estados Unidos . Quando Ginsburg foi transferido do Estado do Rio de Janeiro para Pernambuco, em 1900, recebeu a incumbência de continuar uma classe teológica, com quatro moços, iniciada em 1899 por W. E. Entzminger. Aceitou o desafio, olhando para frente e desejando muito mais: um seminário. Foi a sua visão que o levou a escrever, ainda em 1899, que o salá-rio de um missionário norte-americano daria para sustentar dois ou três pastores “nativos”, e com vanta-gem, porque eles falavam bem a língua e conheciam os costumes do povo, facilitando o relacionamento e a comunicação . Mais tarde, em 1901, Ginsburg argumenta que o Brasil batista deveria ser dirigido por brasileiros e não estrangeiros: “Irmãos, se o Brasil deve ser convertido, será com a participação ativa dos brasileiros. Portanto, permita-nos preparar homens, assim que em um futuro próximo eles possam ser capazes de tomar os nossos lugares”.

Assim, Ginsburg terminou por dirigir a cerimônia de instalação do primeiro seminário batista no Brasil, a 1º de abril de 1902, cuja ata, escrita por Emílio Kerr, foi publicada em O Jornal Baptista ainda em abril do mesmo ano. O objetivo da nova instituição foi expresso por ocasião de sua fundação, quan-do o primeiro diretor, Jefté Hamilton, disse: “O Seminário não faz ministros, pois é Deus quem chama. [...] É muito honroso e louvável ser pregador do evangelho; mais do que ser um grande político ou pre-sidente da República”.

As dificuldades enfrentadas pelos que criaram o Seminário do Norte não foram poucas. Logo de i-nício outros missionários no Brasil conseguiram o referendo dos Batistas do Sul dos Estados Unidos para que existisse apenas um seminário no país, e este fosse no Rio de Janeiro. Essa idéia foi aprovada na primeira assembléia da Convenção Batista Brasileira, em 1907, que resolveu fundar o Colégio e o Seminário do Rio, conforme ocorreu em 1908. Com isso, as verbas de Richmond minguaram, mas o Seminário em Recife nunca deixou de existir, graças à tenacidade de Ginsburg, auxiliado por homens como D. L. Hamilton, H. H. Muirhead e W. C. Taylor, que terminaram por levar a CBB, em 1918, a receber o STBNB como uma de suas entidades.

Outro grande problema enfrentado pelo Seminário em Recife foi o choque entre brasileiros e ameri-canos, no chamado Movimento Radical. No auge da crise, em 1923, houve o êxodo de quase todos os alunos do Seminário, ficando apenas dois. Crise semelhante ocorreu em 1940, caindo o número de alu-nos para 8 em 1941. Novos problemas com motivos diferentes surgiram em 1985 e 1990. As dificulda-des ocorridas entre 1939 e 1941 terminaram quando o missionário João Mein, em 1942, assumiu a direção da instituição.

2. Dos Meins aos nossos dias

João Mein dirigiu o STBNB até o ano do cinqüentenário, em 1952, sendo substituído em 1953 por seu filho, David Mein. Nos 32 anos de sua administração, David Mein ampliou a área física e criou, em 1960, os cursos de Educação Religiosa e de Música Sacra. O Seminário do Norte, que havia formado os primeiros Mestres ainda em 1918 e uma vintena de outros na década de 1930, voltou a oferecer Mestrado em Teologia em 1970 (Atualmente o STBNB não está oferecendo o Mestrado em virtude de Portaria do MEC). Também, sob a direção de David Mein, o Seminário se tornou a primeira instituição a ter os Curso Livre em Teologia reconhecido pela Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE), e se tornou de Utilidade Pública nas esferas estadual e municipal. Depois de David Mein, o Seminário do Norte teve seis reitores efeti-vos, sendo dois norte-americanos quatro brasileiros .

A partir de 1991, o Seminário tem sido administrado continuamente por brasileiros, sendo Dr. Roberto Schuler o quarto desde então. Neste período, houve também problemas, sendo o maior deles relacio-nado com a transição do sustento, que vinha da Junta de Richmond, para a independência financeira. Desde 1997, só contamos com verbas do Brasil, em sua maioria provenientes de taxas pagas pelos alunos. Ainda hoje não foi desenvolvida a consciência da necessidade que os alunos têm de receber ajuda de suas igrejas. Contudo, o STBNB prossegue vitorioso em sua jornada, vivendo os dias presentes e enfrentando os muitos desafios deste novo século. Mesmo com a escassez de verbas, em 1997 foi criada a STBNB Edições, que hoje tem 27 títulos publicados, incluindo alguns já em segunda edição e nove números do novo Caderno Teológico, Reflexão e Fé.

Conclusão

Nos 108 anos do STBNB, cerca de 2.600 alunos receberam diplomas em nível de graduação e pós-graduação, além de outros 2.500 que têm participado em cursos de menor extensão e densidade curricular, obtendo preparo para um melhor serviço nas igrejas e comunidades espalhadas em zonas urbanas e rurais do Brasil, de outros países da América do Sul, América Central, América do Norte, Europa, Ásia e África.

Como acontece em outras instituições, na sua história estão lutas, crises e derrotas. Mas também es-tá a vitória que só encontramos através de nosso Senhor Jesus Cristo (1Co 15.57). É a liderança batista brasileira que se formou e se tornou influente nas várias esferas da sociedade. É a consciência missioná-ria da responsabilidade de atingir o mundo com a mensagem de fé e amor. É a persuasão de que pode-mos seguir em frente, andar com nossos pés, criar nossos modelos. É a convicção de que refletimos, pensamos e agimos, tendo em mira o Senhor Jesus Cristo. Assim nos incumbe aceitar os desafios, para que, transpondo os obstáculos que se nos apresentam, cheguemos ao “prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14).

Educação teológica! Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil! Nele há muita história e inúmeros desafios, repletos de perplexidade, esperança, reflexão, serviço e fé. Pois “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5.4). 

Salomão Ginsburg - fundador do STBNB.